Caixa confirma Cactvs para o microcrédito após reabrir credenciamento. Caso envolve questionamentos do MP-TCU e antecedente de cancelamento no BNB.

Cactvs assume microcrédito na Caixa após nova seleção; histórico no BNB e acusações contra fundador voltam à pauta

Caixa confirma Cactvs para o microcrédito após reabrir credenciamento. Caso envolve questionamentos do MP-TCU e antecedente de cancelamento no BNB.

A Caixa ratificou a Cactvs como operadora do Microcrédito Produtivo Orientado ao fim de uma nova consulta pública. Nada mudou em relação ao desfecho buscado em agosto, quando a empresa despontou entre as poucas candidatas — mas não avançou após barreiras de governança interna. O replay do processo manteve critérios semelhantes, e a seleção se confirmou, num cenário em que questionamentos antigos voltaram à pauta pública.

Conforme reportagens do Bastidor, o fundador da Cactvs, Fernando Passos, foi acusado de manipulação de mercado e respondeu por suposta falsificação de documentos no Banco do Brasil; nos Estados Unidos, promotores o denunciaram por fraude de valores mobiliários. No primeiro credenciamento, a Cactvs foi alvo do Ministério Público junto ao TCU, que recomendou a suspensão das negociações. Gilberto Occhi, ex-presidente da Caixa e ex-ministro, assessorou a Cactvs nas conversas, reforçando o calor político da disputa. Internamente, surgiram relatos de que o nome do Mubadala foi invocado como sócio/fiador da operação — alegação que o fundo desmentiu publicamente.

Em resposta, a Caixa reabriu o chamamento e, novamente, fechou com a Cactvs. Ao Bastidor, o banco afirmou que realizou a primeira rodada de credenciamento desta nova fase, selecionando empresas com experiência e capacidade operacional, e que outras rodadas ocorrerão. O funding virá de Fundos Constitucionais: R$ 300 milhões para 2024 e R$ 6 bilhões no quinquênio.

O modelo que a Caixa diz espelhar é o do Banco do Nordeste (BNB), voltado a empreendedores individuais ou grupos solidários, tanto informais quanto formais. Não por acaso, a Cactvs é conhecida do BNB: em 2021, foi contratada para operar uma carteira bilionária de microcrédito. Depois, o banco cancelou o contrato, após a CVM encerrar processo administrativo que acusou Passos de manipulação de mercado no período em que ele dirigia o IRB Brasil. Antes disso, Passos e Kelvia Carneiro de Linhares Fernandes Passosesposa e, hoje, proprietária formal da Cactvs — fizeram carreira no BNB, onde construíram rede de influência.

Do ponto de vista de governança, a recondução da Cactvs impõe à Caixa o desafio de blindar controles, monitorar riscos operacionais e dar transparência às parcerias mencionadas no mercado (a exemplo do caso Mubadala, que negou relação). O MP junto ao TCU — que interveio no passado — pode reexaminar o novo ciclo, sobretudo à luz da continuidade dos critérios e do potencial financeiro de R$ 6 bilhões.

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