Condenado e recorrendo, Rômulo tem franquias do Espetto com Bruno Lins (X-Tudo). Agência atende o Flamengo; Marcelo Gorodicht é o “homem forte” e alvo de críticas.

No entorno do Flamengo, negócios cruzam: Rômulo (golpe dos cartões) é sócio de fundador da X-Tudo; Azeite Royal entra no tabuleiro

As relações societárias de Rômulo dos Santos Gonçalves ampliaram-se para além do processo penal que o levou a uma condenação no TRF-2 (8 anos e 6 meses), ainda não definitiva. Ao lado de Bruno Lins Gorodicht, fundador da X-Tudo Comunicação, Rômulo é sócio de franquias da rede Espetto Carioca, empreitada que soma R$ 600 mil de capital social em duas administradoras. Na prática, a X-Tudo — que atua no Flamengo desde o início da gestão Rodolfo Landim — tem como figura central Marcelo Gorodicht, irmão de Bruno, apontado no mercado como diretor-executivo e alvo de críticas frequentes de torcedores ao conteúdo publicitário.

A condenação de Rômulo decorre de investigações sobre um esquema de clonagem de cartões, em que também aparece Eduardo Vinícius Giraldes Silva, o “Pisca”, nome à frente do Azeite Royal. Ambos respondem em liberdade e recorrem. As peças do MPF descrevem um método padrão: maquininhas POS adulteradas instaladas por integrantes que se faziam passar por Redecard, Visanet ou Ticket, cartões falsificados e um núcleo comprador encarregado de escoar as mercadorias para receptadores com deságio. Em 2011, a Justiça registrou crescimento súbito na movimentação das contas de GiraldesR$ 3,5 milhões — e evolução patrimonial de 373%.

O histórico do Espetto e de Rômulo aparece inclusive em decisão do STF (2014), na qual se questionou como ativos de alto padrão e fluxo bancário poderiam ser compatíveis com a participação societária então declarada — um indício usado para justificar cautelas. Hoje, além das franqueadoras com Bruno Lins e Almerinda Pereira, Rômulo mantém a Bar e Botequim Espetto Américas (capital de R$ 20 mil), com Leandro Pereira.

A X-Tudo se multiplicou em quatro CNPJs. A que opera no Flamengo é a M2FA Comunicação (set/2018), com Francisco Cantanhede, Marcos Milton Romano Pedrosa e Ricardo de Aquino Corrêa como sócios. Marcelo Gorodicht é quem comanda. Importante: Bruno Lins deixou a FSA Comunicação em jan/2018; Gabriel Trindade entrou em seguida e, em maio do mesmo ano, foi preso em flagrante na Tijuca por dirigir moto roubada — ele também figura como sócio de três unidades do Espetto (Recreio, Centro, Madureira).

O Vasco aparece como terceiro vértice. Em 2018, o clube contratou emergencialmente a Espetto para alimentação, mas a rede alegou calote de três meses e rescisão abrupta, cobrando R$ 2,9 milhões em juízo. Em julho do ano passado, as partes fizeram acordo de R$ 1,671 milhão em parcelas até junho de 2022. Duas semanas antes, o Vasco havia assinado patrocínio com o Azeite Royal, renovado para 2020.

Além do processo principal, escutas do caso dos cartões apontam ligações de Rômulo feitas a partir de linhas vinculadas à LGA Transporte e Materiais de Construção, em nome de Abílio Veiga da Trindade — que, segundo ações cíveis e reportagem de 2017, seria “laranja” em fraude de escrituras de terrenos na Barra.

Mesmo condenado e recorrendo, Rômulo conseguiu autorização para viajar à Flórida (20/2 a 1/3), com base no entendimento atual do STF que afasta a prisão automática após 2ª instância. Pedido similar havia sido negado em agosto.

Manifestações

O Flamengo afirmou que “a X-Tudo não tem nada com o Azeite Royal”. A X-Tudo negou qualquer relação com Rômulo e ingerência do Azeite Royal. Espetto Carioca e Azeite Royal não se manifestaram até esta publicação. O espaço está aberto.

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