Imagem de Claudia Mayara Alves Soliva, condenada por latrocínio no Rio de Janeiro.

Líder de Quadrilha do ‘Boa Noite, Cinderela’ é Condenada a Mais de 20 Anos por Latrocínio de Economista Colombiano no Rio

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) proferiu, nesta quinta-feira, 26 de setembro de 2025, a condenação de Claudia Mayara Alves Soliva a uma pena de 20 anos e 10 dias de prisão em regime fechado. A decisão judicial refere-se ao latrocínio — roubo seguido de morte — do economista colombiano Manuel Felipe Martínez Mantilla, ocorrido em outubro do ano passado na capital fluminense.

A sentença foi determinada pela juíza Camila Rocha Guerin, titular da 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital. Em sua fundamentação, a magistrada enfatizou que “o lastro probatório produzido é robusto e cristalino em demonstrar o evento delitivo praticado pela acusada”, corroborando a culpabilidade de Claudia Mayara.

Líder de Quadrilha do “Boa Noite, Cinderela”

Claudia Mayara Alves Soliva, que já se encontrava sob prisão preventiva desde março deste ano, é apontada pela Polícia Civil como a chefe de uma das maiores e mais atuantes quadrilhas especializadas na aplicação do golpe conhecido como “Boa Noite, Cinderela” na cidade do Rio de Janeiro. Este tipo de crime envolve a administração de substâncias entorpecentes em bebidas para incapacitar as vítimas e, posteriormente, roubá-las.

A Tragédia de Manuel Felipe Martínez Mantilla

Manuel Felipe Martínez Mantilla, um economista colombiano de 33 anos, estava no Brasil para desfrutar de suas férias e, ao mesmo tempo, avançar em sua tese de doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sua morte precoce e violenta chocou não apenas sua família e amigos, mas também o meio acadêmico brasileiro e a sociedade colombiana, onde ele era uma figura respeitada.

Os Últimos Momentos da Vítima

As investigações detalharam os últimos passos de Manuel na noite em que se tornou vítima. Ele saiu sozinho para a Pedra do Sal, um conhecido ponto turístico e cultural no Centro do Rio, e, posteriormente, dirigiu-se a um bar localizado no Parque União, parte do Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade.

Um motorista de aplicativo, que foi acionado para uma corrida, relatou às autoridades ter percebido que o passageiro não estava em condições normais. Diante da situação preocupante, o motorista tomou a iniciativa de levá-lo ao Hospital Federal de Bonsucesso, também na Zona Norte. Apesar dos esforços da equipe médica, Manuel Felipe Martínez Mantilla não resistiu e veio a óbito na unidade hospitalar.

A Causa da Morte e o Modo de Operação

O laudo da perícia técnica foi conclusivo ao indicar a causa da morte: Manuel sofreu um edema pulmonar agudo. Esta condição foi diretamente associada à ingestão de uma combinação de substâncias tóxicas, que foram misturadas à sua bebida. Entre as substâncias identificadas estavam clonazepam, MDMA e ecstasy, comumente utilizadas no golpe “Boa Noite, Cinderela” para sedar e incapacitar as vítimas.

Além da morte trágica, as investigações revelaram que, durante o período em que esteve sob o domínio da quadrilha e até mesmo após seu falecimento, foram realizadas diversas compras e transações financeiras fraudulentas utilizando o cartão de crédito da vítima, evidenciando o caráter de latrocínio do crime.

Repercussão Internacional e o Legado de Manuel

A morte de Manuel Felipe Martínez Mantilla gerou grande comoção e repercussão não apenas no Brasil, mas também em sua terra natal, a Colômbia. Ele era uma figura de destaque em seu país, atuando como assessor de macroeconomia no Ministério da Fazenda colombiano.

Sua trajetória acadêmica era igualmente notável: Manuel era mestre em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp e professor de economia na prestigiada Universidade Nacional da Colômbia. Sua presença no Brasil, para concluir o doutorado, ressaltava seu compromisso com a pesquisa e o avanço do conhecimento, tornando sua perda ainda mais lamentável para a comunidade acadêmica e para o futuro da economia colombiana.

Impacto do Golpe 'Boa Noite, Cinderela'

O golpe conhecido como ‘Boa Noite, Cinderela’ é uma prática criminosa recorrente em grandes centros urbanos, incluindo o Rio de Janeiro. Consiste na administração de substâncias psicoativas na bebida de uma vítima, que perde a consciência ou a capacidade de reação, tornando-se vulnerável a roubos. As substâncias utilizadas, como clonazepam, MDMA e ecstasy, podem ter efeitos devastadores na saúde, incluindo risco de morte por overdose ou reações adversas graves, como edema pulmonar, conforme o caso de Manuel Felipe. As autoridades alertam para a importância de não aceitar bebidas de estranhos e de estar atento em ambientes de socialização, especialmente para turistas, que podem ser alvos mais frequentes.

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